A história da GoPro, a marca radical das action cams [vídeo]

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Quando você vê uma daquelas câmeras pequenininhas no capacete de alguém ou em vídeos de esportes radicais, logo fala que é uma GoPro. Pode até não ser, mas não tem jeito: essa marca criou todo um novo mercado e virou sinônimo de um produto.

E é sobre essa empresa jovem, mas cheia de coisa para contar, que a gente vai falar neste capítulo da série de história da tecnologia. Você vai descobrir como ela começou, por que foi tão importante para o mercado da fotografia e sua situação atual.

Encontrando uma necessidade

Tudo começou em 2001 com Nick Woodman, um empreendedor apaixonado por surfe e tão radical, descolado e descontraído quanto a companhia que ele iria criar. Depois da faculdade, ele tentou abrir duas empresas: uma de eletrônicos e outra de games online que davam prêmios aos jogadores. Nenhuma deu certo, mas ele não era de desistir fácil.

Pessoas na frente de um carro.Woodman com o pai na clássica van da família

Em uma viagem para curtir umas ondas em praias da Austrália e da Indonésia, ele teve a ideia de acoplar uma pequena câmera em uma pulseira de borracha no pulso para registrar o momento.

Lá, ele percebeu que muita gente tinha essa vontade de registrar atividades mais extremas. Ele notou também que o equipamento disponível nesse mercado era muito limitado.

Você não podia filmar direito você mesmo, precisava de algum cinegrafista amador ou não. As câmeras eram caras ou frágeis demais e não existia esse pacote completo portátil e resistente. Celular impermeável ou com imagem boa? Isso era coisa para anos no futuro. Nascia aí a ideia básica da GoPro, que tem esse nome porque ela faz qualquer pessoa se sentir um profissional.

A solução na palma da mão

A empresa foi fundada em 2002 sob o nome de Woodman Labs. O dinheiro veio tanto de vendas de pulseiras e artesanatos que a esposa fazia, e que Nick vendia na sua própria van, quanto de um empréstimo do pai. Ele então passa os dois próximos anos montando protótipos, falando com possíveis fornecedores da China e fazendo testes.

Em busca de um parceiro, ele até tentou licenciar as pulseiras pra Kodak, para que ela fabricasse câmeras que casassem bem com a tecnologia. A Kodak rejeitou, uma ação que permitiu que a GoPro voasse sozinha e explica bem por que a Kodak está onde está nos dias de hoje. A gente já contou a trajetória dela aqui no canal.

Um braço com uma GoPro.O primeiro modelo de GoPro

Em setembro de 2004, a empresa lançou o primeiro produto. A Go Pro HERO não era digital, usava um filme de 35 mm para 24 fotos, só podia ser acoplada no pulso e custava 22 dólares. O CEO até apareceu em um programa de TV dos Estados Unidos no estilo Polishop para tentar vender alguma coisa e em um evento vendeu 100 câmeras de uma vez para uma empresa japonesa. Foi a primeira grande venda da GoPro e, em 2005, a arrecadação já era de 350 mil dólares.

Expansão radical

Já nesse começo, a GoPro entendeu que ela tinha público fora d’água também, em ciclismo, paraquedismo, skate e muito mais. E a segunda geração da HERO foi também a primeira digital. Ela filma clipes de só 10 segundos em qualidade VGA e tem sensor de 3 megapixels para foto. A Digital Hero 3, de 2007, foi a primeira com áudio.

Uma GoPro.O modelo Digital Hero 3

Parece meio jurássica? Bom, era, mas a GoPro de novo saiu na frente porque as concorrentes não ofereciam algo compacto ou parecido para o público dela. E o YouTube, que se tornou muito importante para a empresa, tinha acabado de ser comprado pela Google e começava a fazer sucesso.

O ano de 2008 foi cheio de grandes momentos para a marca. Para começar, Woodman entrou em uma crise de confiança e quase vendeu a empresa para um fundo de investimento, mas a crise econômica daquele ano baixou os valores da proposta, então ele acabou recusando a oferta final.

O poder da comunidade

Foi uma excelente escolha, já que naquele ano ele faria 8 milhões de dólares em venda. Além disso, foi a estreia da Digital Hero 5, a primeira com uma lente wide para capturar imagens mais panorâmicas. Foi aí também que a GoPro começou a incentivar o uso de acessórios pra acoplar as câmeras em qualquer lugar, como capacete, bicicleta e por aí vai.

Uma captura de tela do PC.Alguns exemplos do canal da GoPro no YouTube

Agora sim, a GoPro cria e expande sozinha o mercado de câmeras e acessórios de acoplagem para filmar de forma compacta e segura a prática de esportes radicais, turismo ou até mesmo de atividades do cotidiano. No YouTube, são mais de 5 milhões de inscritos no canal oficial, sem contar os vários atletas postando vídeos gravados com uma delas.

O legado do herói

Em 2010, a GoPro Hero HD tirou o digital do nome e abraçou os vídeos em 1080p. A BestBuy começou a vender as câmeras, e esse se tornou um dos melhores anos da empresa, com o produto no ápice da popularidade. Uma versão acessível chamada GoPro Hero 960 também saiu.

A sucessora Hero2 tinha como novidade a filmagem em ambientes de baixa luminosidade ou à noite. De 2012, a Hero3 foi um divisor de águas, já que iniciou várias características que viraram marca registrada. Para começar, ela agora vinha em três cores: branco, preto e prata, com pequenas diferenças técnicas entre si e com a White sendo o modelo de entrada.

Uma captura de tela do PC.Um banner da época do lançamento dos três modelos

Elas tinham WiFi embutido e foram ficando cada vez menores e mais leves a cada geração, sendo sucedidas pela 3 Plus, com bateria melhorada e um sistema de redução do barulho do vento nas filmagens. O formato 4K já era suportado pela 3+ Black Edition, mas sob uma baixa taxa de fps.

Em 2012, a taiwanesa Foxconn investiu 200 milhões de dólares na GoPro por cerca de 8% da marca. Woodman se tornou então um bilionário, e a empresa atingiu um novo patamar.

A geração Hero4 saiu no formato Black e Silver com novidades que incluíam Bluetooth. A Silver ainda ganhou alto-falante e tela LCD. Já oferta pública de ações da GoPro aconteceu em 2014 e foi um sucesso, tanto que a empresa começou a ir além das action cams.

Ela passou a comprar startups de mídia e edição ou produção de vídeo, e um dos resultados disso é o serviço GoPro Studio, para tratar os clipes gravados.

Uma captura de tela do PCO software GoPro Studio

O ano de 2015 marcou a introdução de novos modelos. Os Hero+ e Hero+ LCD começaram a ser vendidos no mesmo ano. A Hero+ é parte da linha de entrada e saiu por 199 dólares, metade do valor das top de linha. Ela é um pouco melhor que a Hero comum, essa sim para quem está começando na área ou não quer gastar tanto. O modelo LCD tem uma tela melhorada com mais comandos de navegação.

Ainda nesse ano, a Hero 4 Session inaugurou o segmento de câmeras compactas e um pouco mais em conta. Ser menor, ter o formato de cubo e a impermeabilidade sem precisar de uma caixinha separada são os destaques. Ela ganhou uma versão 5 Session 1 ano depois.

A GoPro Session.A GoPro HERO Session

A Hero5 Black, de 2016, aprimora o sensor e aceita captura de fotos em formatos como RAW e WDR, sem contar o GPS integrado, suporte a áudio estéreo e comandos de voz. O modelo mais recente é o Hero6 Black, que faz gravação a 4K e 60 quadros por segundo, uma combinação inédita e poderosa.

Lidando com a crise

Só que a situação não ficou tão boa assim a partir de 2015. As vendas caíram radicalmente, o público exigia melhorias mais perceptíveis nos novos modelos e a concorrência começou a bater na porta. Resultado? Nos dois anos seguintes, algumas centenas de funcionários foram dispensados para reduzir custos.

Neil Dana surfando.Neil Dana

E aí aconteceu um negócio bem maluco com Neil Dana, amigo de anos do CEO Nick Woodman e primeiro funcionário contratado da GoPro. Em 2005, Woodman prometeu que o colega teria 10% das ações da empresa em algum momento. Ele cumpriu isso 10 anos depois e tirou o dinheiro da própria fatia. Dana gastou 3 milhões e meio para comprar as ações, que estavam avaliadas em 230 milhões de dólares.

Mercados paralelos

A GoPro entrou no mercado de drones com o Karma. Também de fabricação própria, ele saiu em outubro de 2016. O modelo é acessível, mas tão estável quanto os profissionais. E claro que a GoPro acoplável é outro grande trunfo. Só que o drone sofreu um recall semanas depois do lançamento, e, no início de 2017, a comercialização voltou de forma limitada. 

Um drone com controle remoto.O drone Karma

Há ainda o Karma Grip, um estabilizador de imagem para deixar filmagens mais precisas mesmo com movimentos bruscos. Para o mercado de realidade virtual, o produto dela é o GoPro Omni Kit, que precisa de seis Hero 4 Black para gravar em 360º. E a gente não pode se esquecer da Seeker, uma mochila com suportes para as câmeras em diferentes partes do corpo.

O que empolgou a galera recentemente é a GoPro Fusion, uma câmera 360 cheia de recursos, dentre eles um que transforma os vídeos esféricos em imagens 2D. Ele se chama OverCapture, é cheio de efeitos e tem um sistema bem intuitivo de edição e pós-produção.

Um homem em cima de um skate

E por aqui? A GoPro já teve representação oficial no Brasil e vende as câmeras por aqui. Ela fechou em 2014 uma parceria com a Flextronics para fabricar os produtos da marca em Sorocaba (SP).

A GoPro fez o trabalho tão bem que abriu caminho para outras marcas lançarem produtos parecidos de baixo custo. O mercado agora é bem disputado, inclusive com smartphones à prova d’água, e marcas como Xiaomi, TomTom, YI, Garmin e muitas outras aproveitaram.

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Se você quiser ver a história de outras empresas contadas aqui no TecMundo, é só deixar a sugestão nos comentários. Confira abaixo as que já apareceram neste quadro:

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