O cheiro bom da chuva é um resultado químico ou cultural?

30/01/2017 às 08:002 min de leitura

Há tantas sensações e imagens que vêm à cabeça quando pensamos no cheiro que a chuva deixa após uma seca ou uma estiagem. Aquela chuva de verão que refresca o fim de tarde depois de um dia inteiro de sol, que umedece o ambiente, que traz ar puro e leva embora o tempo seco e poluído das cidades.

O prazer que vem com o cheiro da chuva pode ser resultado de uma série de processos químicos ocorridos na terra. Em um estudo de 1964, geólogos australianos cunharam o termo “petricor” para designar o aroma rochoso das chuvas em terrenos secos.

Eles determinaram que uma das razões para sentirmos esse cheiro particular é devido a uma mistura de óleos secretados das plantas em tempos de seca. Esses óleos inibem a germinação de sementes e ajudam a controlar a competição por água em tempos de escassez. Com a chegada da chuva após um período de estiagem, as plantas liberam essa mistura no ar.

Geosmina, o perfume da terra

Um dos compostos liberados junto com os óleos das plantas é a geosmina. O “perfume da terra” é uma substância química produzida por classes de microrganismos como as actinobactérias (esporos de bactérias) e as cianobactérias (algas verde-azuladas). A geosmina é liberada no ar quando a força da chuva bate no solo e faz essas bactérias soltarem o composto de seus esporos. A substância corresponde também ao cheiro que sentimos quando mexemos na terra.

Pesquisas mostraram que o olfato humano é bastante sensível à geosmina e que algumas pessoas conseguem detectar o cheiro da substância mesmo em concentrações tão baixas como em 5 partes por trilhão. O composto é geralmente agradável para a maior parte das pessoas e chega a ser usado para conferir um aroma terroso em perfumes.

A herança cultural da representação da chuva

Há estudiosos da área da antropologia, porém, que analisam a sensação de prazer que temos com o cheiro da chuva sob outros aspectos. Diana Young da Universidade de Queensland, na Austrália, mostra que associamos o aroma da chuva a uma série de imagens com representações positivas de vida, como a cor verde ou a figura de plantas.

A pesquisadora chamada de “sinestesia cultural” a herança de diferentes experiências sensoriais da vida em sociedade de acordo com a evolução histórica. Afinal, a chuva representou uma necessidade para o plantio e para a sobrevivência em geral da humanidade. O cheiro da precipitação, pela hipótese antropológica, provoca sensações que estão relacionadas à consciência coletiva dos indivíduos, recuperando sentidos de satisfação e prazer.

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